quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A história da sexualidade?

“Diz-se que no início do século XVII ainda vigorava uma certa franqueza. As práticas não procurava o segredo; as palavras eram ditas sem reticência excessiva e, as coisas, sem demasiado disfarce. ” (Foucault, 1988, p.9) No meu “hoje” não é o caso. As coisas acontecem pela calada, tentando afirmar a inexistência de qualquer prática, iludindo mais a mim própria do que o resto do mundo a quem nada devo.

Encontro-me em “Gestos diretos, discursos sem vergonha, transgressões visíveis, anatomias mostradas e facilmente misturadas (…)” (Foucault, 1988, p.9) com este indivíduo.  Como diria Michel Foucault, “entre divã e discurso”, suor e ideias, sinto uma espontaneidade em partilhar com a criatura, faz 2 meses. No entanto noto os movimentos rápidos que descrevo, tentando fugir o mais depressa possível quando caio em mim e me lembro: fui ensinada que não me devo dar a quem não me promete o mundo. Fui ensinada a não falar sobre sexo. E não fui ensinada sobre sexo. O assunto foi reprimido. “É porque se afirma essa repressão que se pode ainda fazer coexistir, discretamente, o que o medo do ridículo ou o amargor da história impedem a maioria dentre nós de vincular: revolução e felicidade; ou, então, revolução e um outro corpo, mais novo, mais belo; ou, ainda, revolução e prazer (…)”(Foucault, 1988, p.12).

 “Roçar os corpos e os acariciar com os olhos, assim como eletrizar algumas regiões e intensificar superfícies (…)”(Foucault, 1988, p.44) continua a fazer parte do nosso instinto pessoal mas ainda assim prosseguimos oferecendo o poder de controlar (“multiplicidade de correlações de forças imanentes ao domínio onde se exercem” [Foucault, 1988, p.88-89]) às entidades (família, igreja, etc.) que o pretendem fazer quanto ao sexo em geral através da aceitação do mesmo como um tabu.

Há que “Falar contra os poderes, dizer a verdade e prometer o gozo.” (Foucault, 1988, p.13).


Foucault, Michel. (1976). História da Sexualidade I: A vontade de saber. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1988.